sexta-feira, 13 de novembro de 2009

George Sand – a singular escritora

Era trineta de um rei da Polônia. Foi casada com um subtenente de infantaria. Durante a campanha de Napoleão, na Espanha, a menina matou a fome com sopa de tocos de vela. Era introvertida, e sua infância transcorreu tranquila em bairro pobre e alegre. Seu nome era Armandina Aurore Lucille Dupin.

Quando seu pai morreu, por acordo entre avó e mãe estabeleceu-se que passaria 6 meses no campo, em Nohant, 6 meses em Paris. Ficaria um semestre com sua mãe, que adorava, e outro no castelo imenso e gelado, entre mulheres idosas, outras elegantes, ainda algumas frívolas e preconceituosas.


  • Aos 7 ou 8 anos aprendeu o francês, depois o latim e o grego, dança, música, desenho e caligrafia.

Em 1812, Napoleão partia para a Campanha da Rússia, e a França iniciava seu declínio. A avó separou a neta dos seus parentes plebeus, inclusive de sua irmãzinha, que amava. Cresceu sem afeto, a avó doente, ela entregue a criadas, que por vezes a espancavam. Apesar disso, sonhava e decorava versos de Corneille ou Racine. Extravasava seus sentimentos cantando e improvisando versos brancos. Aos 12 anos tentou escrever e fez várias composições.

Criou um personagem, Corambé. Conhecendo um pastor de porcos, criatura feia, achou-o muito parecido com um gnomo, meio homem, meio monstro, tipo perfeito para o seu Camboré. Publicou as histórias que ouvira dos pastores, sacristãos, trituradores de cânhamo do vale do Noire.

A avó resolveu enviá-la para o convento da Inglesas, onde ficou 3 anos. Nessa reclusão, escreveu uma novela religiosa e um romance pastoril, que não foram publicados. Sua religiosidade tornou-se apaixonada. O misticismo não a impediu de ter certa independência. Dedicou-se ao teatro e adaptou uma peça de Moliére, "O doente imaginário", cortando as cenas de amor. O tempo passou. Seu irmão tornara-se um elegante militar, e ela saíra do convento. Lia muito, entre outros: Chateaubriand e Rousseau.

Corriam na aldeia muitas críticas a ela:
  • montava a cavalo
  • cantava em italiano
  • atirava com pistola
  • vestia-se de homem,
pois achava os trajes masculinos mais adequados às suas atividades. Desdenhava a "opinião alheia" ou falatório das comadres e puritanos de La Châtre. Nessa época morreu a avó.


Casou com um moço alegre, elegante, Casimir Dudevant, filho de um barão, e Maurice, o primeiro filho, nasceu em junho de 1823. Teve também uma filha, Solange. Metida em roupas masculinas (figura ao lado) passou a enfrentar tudo. Essa fase foi curta e determinada pelas pressões do meio, mas causou tremendo escândalo. Por tal período foi sempre lembrada. O uso de roupas masculinas deflagrou a sua imortalidade com o pseudônimo masculino. Passou para a História não com seu nome de mulher, mas como o de homem.


Começou a publicar livros com o pseudônimo masculino que a celebrizou. Ligou-se a Stéphane de Grandsagne, e a partir desse amor deixou a religião e os códigos morais da época. Ele foi o pai de sua filha. Conheceu Balzac. Jamais entregou-se a bebidas ou tóxicos. Ganhou fama, perdeu a tranquilidade. Entre seus livros alguns permaneceram, tais como:
  1. Indiana
  2. Valentine
  3. Lélia

Em viagem à Itália conheceu Stendall. Fixou-se em Veneza, onde viveu sua paixão por Alfred Musset. Ela publicou:
  1. André
  2. Jacques
  3. Lettres d' un voyageur
  4. François le Champi
  5. La petit Fadette

Sentia grande ternura pelos fracos e desamparados. Seus amantes foram doentes ou mais jovens do que ela. Defendeu incrivelmente, para seu tempo, a igualdade dos sexos. Foi percursora do movimento feminista. Conheceu Chopin e foi com ele para a ilha de Maiorca. O amor dos dois durou 8 anos. Acabou envelhecendo sozinha, como castelã em Nohant, amada pelos camponeses, que a chamavam de "a boa senhora".

Em 1848, defendeu o povo no artigo "Cartas ao Povo". Funda o jornal "A causa do Povo". O governo provisório distribui o "Boletim da República", de sua autoria. Dessa mulher os grandes da época se enamoraram. Era morena, magra, lábios finos, mas certamente o que os atraía eram a chama interior e a força que corria em suas veias.

Nasceu em 1804 e morreu em 1876, o caixão foi carregado pelos camponeses de blusas azuis, empunhando nas mãos um ramo de loureiro, segundo antiga tradição. O príncipe Napoleão também levou seu ramo de louro. Victor Hugo escreveu um réquiem, especialmente, para o sepultamento.



Origem: do livro 'Elas, mulheres que marcaram a humanidade' de Lúcia Pimentel Góes

Um comentário:

  1. Sou estudiosa da vida de Aurore - George Sand. Ela não teve infancia pobre, foi amada e amava sua avó, passou sua infancia em Nohant na casa da vó, uma vez que sua mãe a trocou por pagamentos de suas dividas. Nunca foi espancada pelas criadas, que ao contrário, tornavam se suas amigas. Teve um irmão que adorava - Hyppolite - e seu marido casou com ela pela sua herança. Um pessimo homem. Seu grande amor foi A. de Musset. Romance estremecido em Veneza, por causa da vida desregrada de Musset. Seu caso com Chopin terminou pela falta de interesse amorosa de Chopin e seu enterro foi acompanhado pelas mais celebres pessoas do mundo literário na França. - Ver Histoire de ma vie. G Sand -

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