quarta-feira, 8 de julho de 2009

Marie Curie


Para perceber a história maravilhosa de Marie Curie, temos que conhecer um pouco sobre a história da Polônia – um verdadeiro corredor da Europa, por onde passaram, marchando e destruindo, praticamente todos os povos existentes naquele continente. Centenas e centenas de suas mulheres foram violentadas por exércitos inimigos, invasores, força de ocupação, por fim sendo jogadas no estrangeiro, vivendo como podiam. Essa situação nômade por que passaram gerou o gentílico polaca, sinônimo de prostituta em grande parte do mundo, preconceito que as mulheres polonesas passaram então a sofrer.

Esse país se reergueu e se impôs e distribuiu grandes homens e grandes mulheres. Entre os maiores nomes, está Marya Sklodowska, com suas experiências e descobertas, revolveu e revolucionou o universo inteiro da Ciência.
  • Na língua polonesa não existe o verbo continuar, que é substituído por: "resistir como uma pedra".
Maryanasceu em 7 de novembro de 1867, na capital Varsóvia, caçula de cinco irmãos, nos tempos tenebrosos da ocupação russa na Polônia. Seu pai Wladislaw Sklodowski, professor; sua mãe com pouca saúde, logo morreu. A vida foi dura para toda a família. Morre também a irmã mais velha, Zozia. A caçula cresce um tanto abandonada, carente de mimos de mãe. Estudiosa recebe medalha de ouro ao se formar do curso secundário. Para ajudar as finanças da casa, parte para dar aulas particulares. Ao completar 16 anos ela e suas duas irmãs, Brônia e Hela, começam a frequentar a Universidade Volante, cursando História Natural, Sociologia e Anatomia.


Arruma um emprego de governanta na casa de um fidalgo rural, para ajudar os estudos de medicina de sua irmã Brônia, em Paris. Era bem considerada pela família. Mas quando o filho do casal voltou de férias e se apaixonaram as coisas mudaram, todos os membros da família foram contrário ao matrimônio. Cedendo a pressão familiar o rapaz desistiu do namoro. Marya não derramou uma lágrima, suportou as feridas recriminações e continuou na casa e no seu trabalho, pois Brônia em Paris precisava de sua ajuda. Com essa passagem em sua vida, adquiriu uma filosofia pessimista:
"Se outrora sonhei, esses sonhos se evaporaram, estão enterrados, esquecidos. Porque os muros são sempre mais fortes do que as cabeças que tentam rompê-los".

Passado 3 anos o pai arrumou um emprego melhor, e passou a enviar dinheiro a Brônia em Paris, dando possibilidade a Marya a deixar o emprego e arrumar outro em Varsóvia, mais perto de casa. Brônia se casa em Paris e a convida para passar um tempo lá. Aos 24 anos em 1891, matricula-se no curso de Ciências da Universidade de Sorbonne. Aparência frágil, esguia, cabelos loiros muito claros, olhos cinzentos, testa larga, expressão obstinada, vestia-se sempre de preto. Logo afrancesou seu nome para Marie, vivia com a irmã e o cunhado, trabalhava no laboratório da faculdade. Não passou muito tempo e já recebeu o primeiro lugar no curso de física.

Resolveu morar sozinha, um espaço mais tranquilo. Um sótão, desprovido de água encanada e aquecimento, lavava sua própria roupa e as vezes passava semanas comendo pão e chá, as vezes acrescentava ovo e chocolate ou frutas.

Recebeu em:
  • 1893 primeiro lugar em Ciências Físicas
  • 1894 segundo lugar em Matemática
  • 1894 a encomenda de um estudo sobre as propriedades magnéticas de diferentes ligas de ferro, começou a investigação no laboratório do professor Lippman
Como o estudo demandava espaço foi convidada por seu professor o doutor Kowalski para conhecer um grande sábio de grande prestígio, para continuar seus estudos, se houvesse espaço em seu laboratório, e foi assim que Marie conheceu Pierre Curie. Trabalharam com extremo afinco. Não demorou muito ele lhe propôs casamento.

Pierre Curie – nasceu de uma família protestante em Paris. Seu pai e avô eram médicos, ganhou o título de Bacharel em Ciências aos 16 anos e licenciatura aos 18 anos. Sua filha o descreveu assim:
" Tinha um particular encanto, feito de gravidade e doçura. Era um homem grandalhão, à vontade dentro de roupas folgadas e fora de moda, mais havia nele muita elegância natural. Mãos compridas, sensíveis. Rosto regular, de pouca mobilidade. A beleza maior estava nos olhos calmos, de olhar profundo".
Casaram-se em 28 de julho de 1895 e passaram a morar num apartamento simples e sem luxo.

Pierre e Marie começaram os estudos sobre a procedência da energia que os compostos de urânio irradiam, inquirindo sobre sua natureza. Os dois se deparavam com um duplo enigma que os fascinavam e partiram em busca das soluções. Marie passava seus dias revolvendo massas de minério com uma estaca de ferro de estatura maior que a sua. Tinha pelo corpo queimaduras dos salpicos da massa em ebulição; o cansaço do dia a impedia de dormir. Mesmo assim esgotados, doentes e fatigados continuaram sua obra colossal. Marie adoeceu com reumatismo, por causa do local onde trabalhava: quente no verão, gélido no inverno, o teto furado por goteiras quando chovia, se nevasse ficavam congelados. Situação essa que perdurou por mais 4 anos.

Depois decifrado o enigma e a descoberta vitoriosa sobre o "rádio", começaram a receber propostas. O casal não sabia como proceder e qual caminho tomar:
  1. descrever os resultados das investigações, sem reserva alguma; ou
  2. passar a ser considerados inventores dos métodos de isolar e empregar o rádio, poderiam tirar patente, assegurar os direitos de fabricação e sair da miséria.
Concordaram em não comercializar a descoberta, porque seria a negação do espírito científico.
Receberam vários prêmios inclusive o Nobel de Física em 1903, dividido com Antoine Henri Becquerel e o casal Curie.

Tinham duas filhas, Irene e Eva, eram felizes e se amavam. Em 19 de abril de 1906, atropelado em um dia chuvoso, morre Pierre Curie. O ministro da Instrução Pública, assinou em 12 de maio um decreto que cedia a Madame Curie a cadeira que ficava vaga em virtude da morte do seu marido. Com esse decreto, findou-se uma tradição, pois foi a primeira vez na história da educação francesa que uma mulher ocupou uma cátedra de ensino superior.

O casal Curie sempre defendeu e lutou pela dignidade humana e pela igualdade de direitos para todos. O Prêmio Nobel de Química de 1911 foi de Marie Curie, única pessoa do mundo a ser agraciada duas vezes com esse prêmio. Durante a Primeira Guerra Mundial, Marie dedicou-se a serviços de vigilância, defesa, solidariedade, tudo para a salvação e para a paz mundial.

Começaram sua queixas de cansaço. Os exames de laboratório demonstravam que a constituição de seu sangue não era normal. Marie se expusera a emanações de elementos radioativos por 35 anos, sendo que nos quatro anos que trabalhou nos hospitais, durante a guerra, permanentemente exposta às radiações mais danosas dos raios X.

Marie Curie faleceu em Sancellemoz a 4 de julho de 1934 de anemia perniciosa de marcha rápida, febril. Seu corpo foi enterrado sem cerimôniais no cemitério de Sceaux, ao lado da campa de Pierre Curie.

Origem: "Mulheres que mudaram o mundo' de Gabriel Chalita e fotos de nobelprize.org