terça-feira, 20 de outubro de 2009

Papisa Joana

de Donna Woolfolk Cross
Geração Editorial
Romance – 490 páginas

No mesmo ano da morte do lendário Carlos Magno, 814 – nascia na aldeia de Ingelheim a única mulher da História destinada a ser papa: Joana. Era a Idade das Trevas, uma época brutal, de ignorância, miséria e superstição sem precedentes. Os países europeus como os que conhecemos não existiam, nem tampouco seus idiomas, mas tão-somente dialetos locais, sendo a língua culta o latim; a morte do imperador Carlos havia mergulhado o Sacro Império Romano num caos de economia falida, guerras cívis e invasões por parte de viquingues e sarracenos. A vida nesses tempos conturbados era particularmente difícil para as mulheres, que não tinham quaisquer direitos legais ou de propriedade. A lei permitia que seus maridos batessem nelas; o estupro era encarado como uma forma menor de roubo. A educação das mulheres era desencorajada, pois uma mulher letrada era considerada não apenas uma aberração, mas também um perigo. Decidida a não se conformar com as limitações impostas ao seu sexo. Joana se disfarça de homem e ingressa num mosteiro beneditino, sob o nome de "irmão" João Ânglico. A papisa Joana é um dos personagens mais fascinantes de todos os tempos, e um dos menos conhecidos. Embora hoje negue a existência dela e de seu papado, a Igreja Católica reconheceu ambos como verdadeiros durante a Idade Média e a Renascença. Foi apenas a partir do século XVII, sob crescente ataque do protestantismo incipiente, que o Vaticano deu início a um esforço orquestrado para destruir os embaraçosos registros históricos sobre a mulher papa. O desaparecimento quase absoluto de Joana na consciência moderna atesta a eficácia de tais medidas. (resenha tirada das orelhas do livro)

– A mulher sempre batalhou por seus ideais, luta de todas as maneiras, mas sempre vai ser mulher.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

'Coco' Chanel


Gabrielle Bonheur Chanel, (Saumur, 19 de agosto de 1883 - Paris, 10 de janeiro de 1971), mais conhecida como Coco Chanel, foi uma importante estilista francesa e uma mulher à frente do seu tempo. As suas criações até hoje ditam e influenciam a moda mundial. É a fundadora da empresa de vestuário Chanel S.A.





História
A família de Gabrielle era muito numerosa:
  • 4 irmãos, 2 meninos e 2 meninas. O pai, Albert Chanel, era caixeiro-viajante e a mãe, Jeanne Devolle, era doméstica.

Depois da morte precoce da mãe, o pai de Chanel ficou com a responsabilidade de tomar conta das crianças. Devido à profissão de seu pai, Coco e as irmãs foram educadas num colégio interno – então Coco com 12 anos, Julia com 13 e Antoinette 8 anos; enquanto que os irmãos foram trabalhar em uma fazenda de faz-tudo.

Aos 18 anos, encontra sua tia, que com a mesma idade e a mesma ambição de fugir do internato. Em 1903, com 20 anos, trabalhou como costureira em uma loja de enxovais. Fez tentativas na área da dança e do teatro.

Cerca de 1907-1908, em uma viagem a Vichy com seu tio, ela se põe a cantar e começa a sonhar com o music-hall. Perto dos 24 anos, aparece o apelido 'Coco', porque tem o hábito de cantar:
Quem viu Coco no Trocadero? "Qui qu'a vu Coco dans l'Trocadéro ? "

Com 25 anos, Chanel conheceu um rico comerciante de tecidos, chamado Etienne Balsan, com quem passou a viver. Por volta de 1910, na capital parisiense, Coco conheçeu o grande amor da sua vida – um milionário inglês Arthur Boyle, que a ajudou abrir a sua primeira loja de chapéus. A loja Chanel iria tornar-se um sucesso e apareceria nas revistas de moda mais famosas de Paris. Algum tempo depois, Boyle acabou a relação com Gabrielle para se casar com uma inglesa e meses mais tarde morreu num desastre de carro.

Chanel abriu a primeira casa de costura, comercializando também chapéus. Nessa mesma casa, começou a vender roupas desportivas para ir à praia e para montar a cavalo. Pioneira, também inventou as primeiras calças femininas.

No início dos anos 20, Chanel conheceu e apaixonou-se por um príncipe russo pobre, Dmitri Pavlovich, que tinha fugido com a sua família da Rússia, então União Soviética. A sua relação com Paulovitch a fez desenhar roupas com bordados do folclore russo e, contratou 20 bordadeiras. Neste período, Chanel conheceu muitos artistas importantes, tais como Pablo Picasso, Luchino Visconti e Greta Garbo.

Suas roupas vestiram as grandes atrizes de Hollywood, e seu estilo ditava moda em todo o mundo. Além de confecções próprias, desenvolveu perfumes com sua marca. Os seus tailleurs são referência até hoje.

Em 1921, criou o perfume que a iria converter numa grande celebridade por todo mundo, o «Chanel nº5». O nome referia-se ao seu algarismo da sorte. Depois deste perfume, veio o nº17, mas este não teve o mesmo sucesso.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Chanel fechou a casa e envolveu-se romanticamente com um oficial alemão. Reabriu-a em 1954. No final da guerra, os franceses conceituaram este romance mal e deixaram de frequentar a sua casa. Nesta década, Chanel teve portanto dificuldades financeiras. Para manter a casa aberta, Chanel começou a vender suas roupas para o outro lado do Atlântico, passando a residir na Suíça.

Devido à morte do ex-presidente norte-americano John Kennedy e à admiração da ex-primeira-dama Jackie Kennedy por Chanel, ela começou a aparecer nas revistas de moda com a criação dos seus tailleurs. Depois voltou a residir na França.

Faleceu no Hôtel Ritz Paris em 1971, onde viveu por anos. O seu funeral foi assistido por centenas de pessoas que levaram as suas roupas em sinal de homenagem.


Origem: Wikipédia

domingo, 18 de outubro de 2009

Florir a semana...

Anjos – Gênios da Humanidade

Os hebreus chegaram à terra prometida por volta de 1950 aC . Em 1600 aC, coagidos por uma grande fome, emigraram para o Egito, liderados por Jacob, a convite de seu filho José, primeiro-ministro do faraó. Durante séculos viveram em prosperidade. Neste período, os conhecimentos sobre anjos cabalísticos foram associados ou sincretizados com os deuses egípcios.

Cada um dos 72 anjos tem influência em cinco dias do ano (72 x 5 = 360). Como o calendário egípcio era constituído de 365 dias, esses cinco dias, nos quais não havia regência de anjo, foram consagrados a cinco divindades denominadas "Epagômenos", que juntas formam o Pentaedro Sagrado. Estes dias são atribuídos a pessoas inteligentes, que presidem as forças dos elementos (terra, água, fogo, ar e éter) e dos elementais (gnomos, silfos, salamandras, ondinas e fadas).

  • Os dias são:
19/03,
31/05,
12/08,
05/01 e
24/10.

Se você nasceu em um destes dias, é considerado uma divindade kármica, com a missão de guardar a humanidade e após estudar as características de cada anjo, poderá escolher aquele com o qual melhor se identificar, para ser seu anjo guardião.



Dia 19/03 - elemento éter - signo de Peixes
Protegido pela deusa Sekmet, a guerreira, encarregada de destruir a força dos inimigos do faraó. Representada como uma mulher com a cabeça de leão, portando uma coroa com o disco solar. Responsável pelo começo do ano esotérico.

Personalidade: tem grande consciência da própria força e magnetismo. Exerce domínio sobre todos com grande facilidade. Organizado, com forte senso do dever, despende muita energia nos negócios novos ou desafiadores. Provavelmente obtém equilíbrio quando trabalha em equipe. Constrói seu próprio bem sem esquecer dos outros.

Gênio Contrário: Domina a impulsividade, as aventuras amorosas, o egoísmo e a violência.



Dia 31/05 - elemento ar - signo de Gêmeos
Protegido pelo deus Tot, senhor das palavras, criador da fala e inventor da escrita. É representado como um homem com a cabeça de uma ave, a sagrada Íbis. Responsável pelo controle dos silfos, contando com extraordinária beleza.

Personalidade: está sempre experimentando e conhecendo coisas novas. Assim como um pássaro está sempre voando de galho em galho. Adora a adaptação de coisas que instigam sua inteligência. É um pesquisador extremamente curioso e individualista. Tem forte capacidade de comunicação e praticidade em expor suas idéias e metas. Super ativo, está sempre "inventando".

Gênio Contrário: Domina a natureza dupla, o nervosismo, a preguiça e a não fixação a nenhum amor.



Dia 12/08 - elemento fogo - signo de Leão
Protegido pelo deus Rá, a principal divindade egípcia, surgida no céu sob a forma de Benu, a ave Fênix (que ressurgiu das cinzas). Representado com uma coroa com um olho na frente, na forma de uma serpente - "Uraes". Responsável pela organização das forças das salamandras.

Personalidade: extrovertido, dotado de grande energia e poder, adora enfrentar situações difíceis e está sempre superando-as. A energia é a mesma do sol, nasceu para brilhar, é orgulhoso e trabalhador.

Gênio Contrário: Domina a depressão, a estagnação e o abuso de poder. Não sabe perder, mas aceita a derrota.



Dia 05/01 - elemento terra - signo de Capricórnio
Protegido pelo deus Anúbis, o guardião dos mortos, responsável em "pesar" a alma na balança da verdade e encaminhá-la para a salvação ou castigo. Guardião de todos os segredos do mundo. Representado por um homem com cabeça de chacal. Domina a força dos gnomos.

Personalidade: paciente, com inteligência aguda, tem facilidade em expor suas idéias, tornando-se assim uma pessoa de sucesso. Fiel, amigo e protegido dos deuses, é perseverante e exerce o poder com exato senso de justiça. É um excelente conselheiro.

Gênio Contrário: Domina a impaciência, o orgulho exagerado, o egocentrismo e a falta de modéstia.



Dia 24/10 - elemento água - signo de Escorpião
Protegido por Osíris, rei dos deuses, deus da renovação de tudo que morre e volta a nascer. Representado como um homem que tem nas mãos o cajado e o mangual, símbolos de sua autoridade régia. Escolhido para governar as forças das ondinas, é possuidor de enorme beleza.

Personalidade: possui intenso sentimento de emoção, persistência imensa, intuição fortíssima, que bem canalizada, trabalha diretamente com os poderes paranormais. Resiste a todas as adversidades, e está sempre disposto a defender o que almeja, em todas as áreas.

Gênio Contrário: Domina o ciúme excessivo, a desconfiança e o uso da potencialidade intuitiva, para praticar a magia negra.

domingo, 11 de outubro de 2009

Mais Anjos




Infelizmente a história sobre os anjos é curta. Os gregos os chamavam de daimones (gênio, anjo, ser sobrenatural). A palavra anjo vem do termo grego "angelos" que significa "mensageiro".






Os egípcios os explicaram amplamente e com detalhes, mas tudo foi perdido, queimado na época da ascensão do cristianismo primitivo do Ocidente. Hoje, o pouco que nos resta deriva dos estudos cabalísticos desenvolvidos pelos judeus, que foram os primeiro a acreditar nesta energia. O mundo cabalístico é dividido em quatro hierarquias energéticas: emanação, criação, formação e ação.
  1. Emanação é o centro de todas as energias.
  2. Criação é o tempo e o espaço.
  3. Formação é o mundo das espécies, das coisas concretas que têm forma definida, categoria da qual o mundo angelical faz parte.
  4. Ação é a força pela qual cada individualidade criada, age e manifesta vida.

A palavra hebraica para anjo é Malakl, que significa "mensageiro". As primeiras descrições sobre anjos apareceram no Antigo Testamento. A menção mais antiga de um anjo aparece em Ur, cidade do Oriente Médio, há mais de 4.000 aC.

Em 787 dC definiu-se dogma somente em relação aos arcanjos: Miguel, Uriel, Gabriel e Rafael.
A auréola que circunda a cabeça dos anjos é de origem oriental. Nimbo (do latim nimbus), é o nome dado ao disco ou aura parcial que emana da cabeça das divindades. No Egito, a aura da cabeça foi atribuída ao deus solar Rá e mais tarde na Grécia ao deus Apolo. Na iconografia cristã, o nimbo ou diadema é um reflexo da glória celeste e sua origem ou lar, o céu. As asas e halos apareceram no século I. As asas representam a rapidez com que os anjos se locomovem. Os escritos essênios, fraternidade da qual Jesus fazia parte, estão repletos de referências angelicais. No Novo Testamento, anjos apareceram nos momentos marcantes da vida de Jesus: nascimento, pregações, martírio e ressurreição. Depois da ascensão, Jesus foi colocado junto ao Anjo Metatron.

Alguns estudos aceitam possibilidade dos três Reis Magos serem Anjos materializados: Melchior (Rei da Luz), Baltazar (Rei do Ouro, guardião do tesouro, do incenso e da paz profunda) e Gaspar (o etíope, que entregou a mirra contra a corrupção).

Maria ainda trazia Jesus no ventre, quando foi levada por José para o Egito. Jesus admirava a ciência deste país e isto talvez, aliado ao trabalho de carpinteiro, justifique o cristianismo primitivo, repleto de signos e parábolas.


– A tradição católica dividiu os anjos em três grandes hierarquias, subdivididas cada uma em três companhias:

Serafins: que personificam a caridade divina e a inteligência.
Querubins: que refletem a sabedoria divina, aliada ao temperamento jovial.
Tronos: que proclamam a grandeza divina através da música.

Dominações: que têm o governo geral do universo.
Potências: que protegem as leis do mundo físico e moral, além de preservar a procriação dos animais.
Virtudes: que promovem prodígios e os milagres da cura.

Principados: responsáveis pelos reinos, estados e países, preservando também a fauna e a flora, os cristais e as riquezas da terra.
Arcanjos: responsáveis pela transmissão de mensagens importantes e pela defesa dos países, pais ou da família.
Anjos: que cuidam da segurança dos indivíduos no corpo físico.


– Cada uma das hierarquias angelicais é regida por um príncipe e tem correspondência com uma letra do alfabeto hebraico:
  • Aleph, corresponde aos Serafins e o Príncipe é Metatron.
  • Beth, corresponde aos Querubins e o Príncipe é Raziel.
  • Ghimel, corresponde aos Tronos e o Príncipe é Tsaphkiel.
  • Daleth, corresponde às Dominações e o Príncipe é Tsadkiel.
  • He, corresponde às potências e o Príncipe é Camael.
  • Vau, corresponde às Virtudes e o Príncipe é Raphael.
  • Zain, corresponde aos Principados e o Príncipe é Haniel.
  • Heth, corresponde aos Arcanjos e o Príncipe é Mikael.
  • Teth, corresponde aos Anjos e o Príncipe é Gabriel.

Porque as pessoas acreditam em anjos? Eles estão em todas as religiões, são seres iluminados e não levam em conta os registros de nossos atos negativos, portanto não perdoam, já que não cabe a eles julgar.

Os anjos nunca nos abandonam, não têm necessidade de se refazer através do sono e não sofrem os efeitos do tempo.



sábado, 10 de outubro de 2009

A viúva Clicquot - mulher de audácia

Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin inventou a champanhe tal como se conhece hoje, expandiu seus negócios pelo mundo e criou um pioneiro sistema de distribuição de lucros entre funcionários, no século XIX. Temida pela concorrência, a viúva Clicquot deu novo significado à expressão "mulher de negócios".

Sempre que a aristocracia europeia do século XIX queria brindar com a mais pura espuma fervilhante de champanhe, pedia "la veuve" (a viúva). Não era preciso dizer mais. Todos sabiam que a senhora em questão era uma garrafa de Veuve Clicquot, o único espumante da época cristalino, doce na medida, cujas bolhas formavam delicada coroa ao chegar à borda da taça. Mas raramente madame Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, a viúva em pessoa, estava presente neste tipo de comemoração. Diferentemente da famosa bebida que tinha seu nome, não há notícia de que algum dia tenha saído da França; no máximo viajava a Paris, a 140 km de Reims, onde nasceu e trabalhou a vida inteira.

Com o tempo, tal invisibilidade social fez dela uma das mais ilustres desconhecidas dos últimos 200 anos. Hoje, poucos sabem que foi a primeira grande empresária internacional, responsável por transformar o vinho espumante em símbolo de bebida de luxo. Dessa mulher restou uma só imagem, estampada desde 1972 na tampa de metal dos 8 milhões de garrafas produzidas anualmente pela maison. O retrato pintado na década de 1860 por Léon Cognie, mostra uma octogenária vestida de negro. A imagem não condiz com a empreendedora trabalhadora, muitas vezes temerária, que fez de uma pequena empresa familiar um império proprietário de 275 hectares dos melhores vinhedos de Campagne.

Barbe-Nicole Ponsardin nasceu numa das mais ricas famílias de Reims. O pai Nicolas, fez fortuna no ramo têxtil (faturava o equivalente a 800 mil dólares por ano) e planejava para a primogênita um casamento com título de nobreza. A derrubada da monarquia pela Revolução Francesa em 1789 acabou com o sonho e ameaçou a vida da menina, de 11 anos, assim como a de toda a burguesia, identificada como inimiga do povo. Foi graças a ajuda da costureira da família que ela conseguiu fugir antes da invasão do Convento Real de Saint-Pierre-des-Dames, tradicional escola da elite. Disfarçada de camponesa, atravessou a pé a cidade com sua salvadora, que a escondeu em casa, na segurança do subúrbio pobre.

A genética também contribuiu. Dos 3 filhos de Nicolas, aquela ruivinha de olhos acinzentados foi a única que herdou sua capacidade de se adaptar às circunstâncias. Apesar de monarquista e católico fervoroso, monsenhor Ponsardin conseguiu cair nas graças do novo governo republicano, que considerava a religião um crime. Assim conservou a cabeça, o prestígio e a fortuna. Manteve a mansão na praça principal de Reims, onde foi realizada em 10 de julho de 1798 a cerimônia secreta do casamento religioso de sua filha com François, herdeiro do milionário produtor têxtil Philippe Clicquot.

Vizinhos desde a infância, imaginava-se que os noivos fossem amigos. Sonhador e violinista talentoso com tendências a depressão, François, não se interessava por tecidos; queria construir fortuna com o comércio de vinhos. Os recém-casados quase nada sabiam de vinho, mas uniram forças e terras num plano ambicioso: abastecer o promissor mercado russo com o forte e adocicado espumante da região, muito ao gosto do czar Alexandre I. Uma bebida fina e exclusiva – o champanhe Clicquot. O primeiro carregamento ficou pronto para a venda, em 1803, quando Napoleão mergulhou a Europa num conflito que duraria 12 anos. Já não havia compradores nem dinheiro para bebidas finas. Entre as primeiras vítimas das guerras napolêonicas estavam a empresa dos Clicquot. François morre em 23 de outubro de 1805, devido a febre tifoide, mas circularam boatos de que teria cortado a garganta em desespero pela falência iminente. Aos 27 anos e com uma filha de 6 anos, Barbe-Nicole fez o que na época apenas a viuvez permitia a uma mulher: assumiu os negócios. Com o apoio do pai e do sogro, teve como sócio um amigo das famílias, o rico proprietário vinícola Alexandre Jérôme Fourneau.

Com o bloqueio as exportações imposto à França pelos portos europeus, diz sua biógrafa que a viúva "começou a brincar com a ideia" do contrabando. Até 1810, seu espumante chegou às cortes inimigas e aliadas a bordo de navios que não podiam transportá-lo. Financeiramente o risco não compensou, mas as garrafas tornaram conhecido e apreciado o vinho da viúva Clicquot. Forneau abandonou a sociedade depois de embolsar o capital que tinha investido. Para manter viva a agora Veuve Clicquot Ponsardin e Companhia, produziu vinho tinto barato para o mercado interno, vendeu todos os colares de raras pérolas rosadas e um fabuloso diamante avaliado em 60 mil dólares (valor atual), dispensou funcionários, encheu as adegas com a fabulosa safra de 1811 e, esperou. Em abril de 1814, quando Napoleão abdicou, foi a primeira a chegar aos mercados que se abririam em breve. Quando Alexandre I anunciou o fim do embargo à Franca, 10 550 garrafas de Veuve Clicquot 1811 já estavam no porto prussiano de Konihsberg (perto de São Petersburgo) e outras 12 780 a caminho. Disputadas a peso de ouro, foram vendidas pelo equivalente a 100 dólares cada uma. Foi o único champanhe servido no aniversário do rei prussiano e saudado como o melhor do mundo – e começou a tornar madame uma das mulheres mais ricas da época.

Menos de 2 anos depois ela faria com que todos se curvassem também à sua competência técnica ao inventar o remuage – processo usado até hoje para melhorar a qualidade da champanhe removendo os resíduos que o deixam turvo, diminuindo o tempo e os gastos de produção. Por quase uma década, essa descoberta foi mantida em segredo, graças ao respeito que ela inspirava e a um sistema de participação nos lucros a empregados em posições-chaves.

  • Além do trabalho, a viúva tinha 3 paixões:
  1. romances de cavalaria
  2. comprar e decorar casas e
  3. homens jovens e bonitos
Ao se aposentar, aos 64 anos, em 1841, deu 50% da Clicquot a um dos seus protegidos, Édouard Werlé, um alemão que ela preparou para sucedê-la. Ela sabia não ter herdeiros para tocar seus negócios (após sua morte a casa foi administrada por Werlé e seus descendentes até ser comprada, em 1986, pelo grupo multinacional Louis Vuitton Moet Hennessy). Só a bisneta Anne mostrava tino comercial, mas preferia moda a champanhe. Para ela escreveu uma carta que é um autorretrato:

"Minha querida (...) você, mais do que ninguém, se parece comigo, pela audácia. É uma qualidade que me valeu muito... hoje sou chamada a Grande Dama do Champanhe! O mundo está em perpétuo movimento e precisamos inventar o amanhã. É preciso passar à frente dos outros, ter determinação e exatidão e deixar a inteligência conduzir a sua vida. Aja com audácia".


Barbe-Nicole morreu em 29 de julho de 1866, aos 89 anos, em seu castelo em Boursault, vale do Marne. Na época, 750 mil garrafas de Veuve Clicquot eram vendidas no mundo inteiro. Realizara o sonho do marido François e até o de seu pai – todas as mulheres da família ostentam títulos de nobreza – as irmãs por casamentos; ela porque, como disse o escritor Prosper Mérimée, era "a rainha não coroada de Reims".

Origem: Revista Claudia nº 10 ano 48 - outubro 2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cecília Meireles



"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

(Romanceiro da Inconfidência)





Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Única sobrevivente dos 4 filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criada por sua avó D. Jacinta Garcia Benevides. Cecília escreveria mais tarde:

"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.

(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."


Conclui seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor". Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal.

Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, "Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.

Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos.

Publica, em Lisboa, Portugal, o ensaio "O Espírito Vitorioso", uma apologia do Simbolismo.

Correia Dias suicida-se em 1935. Cecília casa-se, em 1940, com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.

De 1930 a 1931, mantém no Diário de Notícias uma página diária sobre problemas de educação.

Em 1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.

Profere, em Lisboa e Coimbra, Portugal, conferências sobre Literatura Brasileira.

De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ).

Publica, em Lisboa, Portugal, o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria.

Colabora ainda ativamente, de 1936 a 1938, no jornal A Manhã e na revista Observador Econômico.

A concessão do Prêmio de Poesia Olavo Bilac, pela Academia Brasileira de Letras, ao seu livro Viagem, em 1939, resultou de animados debates, que tornaram manifesta a alta qualidade de sua poesia.

Publica, em 1939/1940, em Lisboa, em capítulos, "Olhinhos de Gato" na revista "Ocidente".

Em 1940, leciona Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (USA).

Em 1942, torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro (RJ).

Aposenta-se em 1951 como diretora de escola, porém continua a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ).

Em 1952, torna-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile, honraria concedida pelo país vizinho.

Realiza numerosas viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências, em diferentes países, sobre Literatura, Educação e Folclore, em cujos estudos se especializou.

Torna-se sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, em Goa, Índia, em 1953, nesse mesmo ano em Délhi, Índia, é agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.

Recebe o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1962.

Em 1963, ganha o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro. No mesmo ano, seu nome é dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, São Paulo (SP).

Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Ainda em 1964, é inaugurada a Biblioteca Cecília Meireles em Valparaiso, Chile.

Em 1965, é agraciada com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras. O Governo do então Estado da Guanabara denomina Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo (SP), torna-se nome de rua no Jardim Japão.

Em 1974, seu nome é dado a uma Escola Municipal de Educação Infantil, no Jardim Nove de Julho, bairro de São Mateus, em São Paulo (SP).

Uma cédula de cem cruzados novos, com a efígie de Cecília Meireles, é lançada pelo Banco Central do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), em 1989.

Em 1991, o nome da escritora é dado à Biblioteca Infanto-Juvenil no bairro Alto da Lapa, em São Paulo (SP).

O governo federal, por decreto, instituiu o ano de 2001 como "O Ano da Literatura Brasileira", em comemoração ao sesquicentenário de nascimento do escritor Silvio Romero e ao centenário de nascimento de Cecília Meireles, Murilo Mendes e José Lins do Rego.

Traduziu peças teatrais de Federico Garcia Lorca, Rabindranath Tagore, Rainer Rilke e Virginia Wolf. Sua poesia, foi traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner.


Bibliografia
Tendo feito aos 9 anos sua primeira poesia, estreou em 1919 com o livro de poemas Espectros, escrito aos 16 e recebido com louvor por João Ribeiro.


Publicou:
  1. Criança, meu amor, 1923
  2. Nunca mais... e Poemas dos Poemas, 1923
  3. Criança meu amor..., 1924
  4. Baladas para El-Rei, 1925
  5. O Espírito Vitorioso, 1929 (ensaio - Portugal)
  6. Saudação à menina de Portugal, 1930
  7. Batuque, Samba e Macumba, 1935 (ensaio - Portugal)
  8. A Festa das Letras, 1937
  9. Viagem, 1939
  10. Vaga Música, 1942
  11. Mar Absoluto, 1945
  12. Rute e Alberto, 1945
  13. Rui — Pequena História de uma Grande Vida, 1949 (biografia de Rui Barbosa para crianças)
  14. Retrato Natural, 1949
  15. Problemas de Literatura Infantil, 1950
  16. Amor em Leonoreta, 1952
  17. Doze Noturnos de Holanda & O Aeronauta, 1952
  18. Romanceiro da Inconfidência, 1953
  19. Batuque, 1953
  20. Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955
  21. Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955
  22. Panorama Folclórico de Açores, 1955
  23. Canções, 1956
  24. Giroflê, Giroflá, 1956
  25. Romance de Santa Cecília, 1957
  26. A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957
  27. A Rosa, 1957
  28. Obra Poética,1958
  29. Metal Rosicler, 1960
  30. Poemas Escritos na Índia, 1961
  31. Poemas de Israel, 1963
  32. Antologia Poética, 1963
  33. Solombra, 1963
  34. Ou Isto ou Aquilo, 1964
  35. Escolha o Seu Sonho, 1964
  36. Crônica Trovada da Cidade de Sam Sebastiam no Quarto Centenário da sua Fundação Pelo Capitam-Mor Estácio de Saa, 1965
  37. O Menino Atrasado, 1966
  38. Poésie (versão para o francês de Gisele Slensinger Tydel), 1967
  39. Antologia Poética, 1968
  40. Poemas italianos, 1968
  41. Poesias (Ou isto ou aquilo & inéditos), 1969
  42. Flor de Poemas, 1972
  43. Poesias completas, 1973
  44. Elegias, 1974
  45. Flores e Canções, 1979
  46. Poesia Completa, 1994
  47. Obra em Prosa - 6 Volumes - Rio de Janeiro, 1998
  48. Canção da Tarde no Campo, 2001
  49. Episódio humano, 2007


Teatro:
  1. 1947 - O jardim
  2. 1947 - Ás de ouros
Observação: "O vestido de plumas"; "As sombras do Rio"; "Espelho da ilusão"; "A dama de Iguchi" (texto inspirado no teatro Nô, arte tipicamente japonesa), e "O jogo das sombras" constam como sendo da biografada, mas não são conhecidas.


Outros:

1947 - Estréia "Auto do Menino Atrasado", direção de Olga Obry e Martim Gonçalves. música de Luis Cosme; marionetes, fantoches e sombras feitos pelos alunos do curso de teatro de bonecos.

1956/1964 - Gravação de poemas por Margarida Lopes de Almeida, Jograis de São Paulo e pela autora (Rio de Janeiro - Brasil)

1965 - Gravação de poemas pelo professor Cassiano Nunes (New York - USA).

1972 - Lançamento do filme "Os inconfidentes", direção de Joaquim Pedro de Andrade, argumento baseado em trechos de "O Romanceiro da Inconfidência".