sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Nefertari

Nefertari a esposa do Grande Ramsés II (faraó do Egito). Não deparamos com familiaridade nem confidência romântica, mas um casal régio em toda a sua glória e majestade. Ramsés honrou Nefertari de maneira excepcional. Embora tenha vivido bem mais do que ela, e outras esposas tenha tido, foi ela a única rainha ligada ao reinado de Ramsés.

Os pais de Nefertari são desconhecidos, eram talvez de origem relativamente modesta. Seu nome significa "a mais bela", "a mais perfeita", sendo muitas vezes seguido do epíteto "amada de Mut". Duas importantes referências:


  1. uma grande antepassada, a rainha Ahmés-Nefertari
  2. deusa Mut, esposa de Amon, senhor de Tebas

Nefertari desposou Ramsés antes de este ser faraó. Portadora de amor e do poder da Criação, a palavra da rainha torna felizes deuses e humanos. A sua formulação adoça o coração de Hórus, o rei, e traz-lhe a paz. Interpretando as inscrições ao pé da letra: teve quatro filhos e duas filhas.

Papel político – no ano I do reinado, a grande esposa real foi associada a atos importantes; depois de participar dos ritos de coroação, Nefertari foi apresentada junto de Ramsés, em Abidos, na cerimônia em que o rei nomeou Nebunenef sumo-sacerdote de Amon, assegurando-se assim da fidelidade do rico e poderoso clero de Tebas. Teve um papel ativo nos grandes rituais do Estado, indispensáveis para perpetuar a prosperidade das Duas Terras. Exerceu uma forte influência na política externa. Nas longas negociações, necessárias para conter a paz com os hititas.

O Palácio em Pi-Ramsés, capital, onde o casal real viveu era suntuoso:
  • no centro, uma sala com colunas coloridas
  • uma sala de audiências
  • uma sala do trono
  • a decoração sobre cenas campestres, a fauna e a flora
  • aposentos privados com grande conforto, com sala de banho
  • jardins e lagos, acácias, palmeiras, sicômoros e romãnzeiras

Abu-Simbel – no centro da Núbia, 2ª catarata do Nilo, dois templos escavados na falésia, na margem do rio, cerca de 1 300 km ao sul de Pi-Ramsés. A deusa Hathor reinava nesse lugar, sob a proteção da soberana do amor celeste, o faraó decidira exaltar o casal régio de maneira monumental, nos dois templos próximos um do outro. Estes templos foram inaugurados por Ramsés e Nefertari no inverno do ano 24 do reinado. De acordo com as inscrições hieroglíficas, Ramsés mandou-o construir como obra de eternidade para a grande esposa real Nefertari, a amada de Mut, para todo o sempre, Nefertari, para cujo esplendor o Sol brilha. Esse pequeno templo é uma maravilha, a estatura da rainha é igual à do rei. A cena da coroação de Nefertari é extraordinária: a rainha, na suprema elegância do seu corpo fino e alongado, tem na mão direita a "chave da vida" e, na esquerda, um cetro floral. Sua coroa é composta de um Sol no meio de dois chifres e duas altas plumas, que fazem dela a encarnação de todas as deusas criadoras. Na fronte, o uraeus, a cobra fêmea que queima os inimigos e dissipa as forças negativas. Ramsés é o esposo do Egito, e Nefertari a mãe; no naos do seu templo, ela identifica-se com Hathor e Ísis, cria as cheias e dá vida a todo o país.

Morte – nenhum documento identifica a data de sua morte. Outro monumento que canta para sempre a glória de Nefertari é a sua morada eterna no Vale das Rainhas, que é uma grande obra-prima da arte egípcia e recentemente restaurada. Essa morada eterna é vasta e inclui várias salas que conduzem à "sala do ouro", onde o corpo de luz da rainha havia sido animado pelos ritos. A morada eterna de Nefertari é um verdadeiro livro de sabedoria, reconstituindo as etapas de uma iniciação feminina. Muito para além da sua existência terrestre, a grande esposa real de Ramsés II lega-nos assim um inestimável testemunho.

Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq