quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Joana d'Arc

Em 1412 nasce Joana d'Arc na aldeia de Domrémy na fronteira da província de Lorena (França). Filha de Jacques d'Arc, tinha 3 irmãos, e todos levavam uma vida rude de camponeses, trabalhando na terra e na pastagem de rebanhos. Com a mãe, ela aprendeu a costurar e fiar além de ajudar o pai no campo. Devota e muito religiosa, estava habituada a rezar. Menina alegre, morena e robusta.

Em 1413 a França, sob o comando do rei Carlos VI, tido como irracional, reiniciou a guerra com a Inglaterra após o desembarque na Normandia do rei Henrique V . Evento conhecido hoje como a «Guerra dos Cem Anos».


Nessa época, lendas povoavam a França. A mais conhecida era:
"A vinda de uma donzela, que vestiria armadura e que salvaria a França".
Era o que dizia a beata Maria Robine, conhecida por Maria d'Avignon, muito respeitada no reinado de Carlos VI (rei da França).

Outra profecia antiga, dizem dita por Merlim, o mago do rei Artur, da Távola Redonda:
"Apareceria uma virgem de uma floresta de carvalhos, nas fronteiras de Lorena, que salvaria a França".
Joana cresceu ouvindo essas lendas. Indaga-se o quanto a conversa do povo, a religiosidade natural de uma região devastada pela guerra cruel, aliadas ao modo particular de Joana ser cristã e à singeleza própria dos camponeses traçaram o destino de Joana.

Joana tinha 13 anos, quando certo dia sentada debaixo de uma árvore, enxergou uma luz branca de brilho intenso. Nessa primeira aparição, foram desenhos iluminados que correspondiam a São Miguel e um grupo de anjos. Na segunda aparição: anunciou que Santa Catarina e Santa Margarida viriam até ela para dar instruções a serem obedecidas, por vontade de Deus. Desse momento em diante Joana passou a receber constantemente visitas de seus santos orientadores. As orientações eram sempre iguais a primeira – deveria frequentar a missa e ser uma menina correta.

Nessa ocasião, os ingleses e borgonheses tomaram toda a França. Em Domrémy os simpatizantes dos borgonheses (contrários ao governo), eram brutos e ambiciosos. O vilarejo onde Joana morava não era considerado território francês, por ser controlado pelos inimigos, o duque de Borgonha. E com 16 anos, o arcanjo Miguel dirigiu-se a Joana de maneira decisiva:
"Filha de Deus, encaminha-te para o reino da França. Cabe a ti expulsar os ingleses... e fazer com que o delfim tome o trono. Tua missão é essa. Joana és um soldado de Deus. O senhor te ajudará".
Mas ouve discussão sobre a origem divina ou não dessas mensagens. Mas Domrémy foi arrasada pelos borgonheses, e quando os camponeses voltaram de seus esconderijos, a cidade estava devastada. Nesse meio tempo as vozes de Joana voltaram:
"Procura o senhor Roberto de Baudricourt, em Vaucouleurs"
Senhor Roberto era capitão militar da cidade, que a ouviu e despachou, não acreditando naquela jovem menina. Mas devido a insistência da menina e como não visse outro modo de se livrar daquela maníaca, como se dizia dela, deu-lhe um cavalo, uma veste de soldado, uma espada, alguns militares como escolta e dispensou-a. Roberto de Baudricourt, mandou uma mensagem ao delfim, explicando o caso. O rei e seus palacianos prepararam uma cena para desmascará-la:

O rei infiltrou-se entre os cortesãos e ordenou que um rapaz se sentasse no trono. Assim que Joana entrou, olhou para todos os presentes, atravessou a sala, passando pelo trono e prosseguiu até que se ajoelhou aos pés do delfim. Ela não o conhecia nem por descrições, as moedas não apresentavam sua efígie, ele era ainda só o herdeiro do trono. Estavam em 1429. E Joana lhe disse: "Majestade, que Deus lhe dê longa vida! Fui enviada por Ele para ajudá-lo a se consagrar em Reims. Sois vós o rei, e ninguém mais".

Depois de ouvir sua história e de ser avaliada pelos bispos, e declarada pura e inocente, o delfim deu-lhe um uniforme de chefe, o comando do exército e consagrou-a na ordem da cavalaria. Conta-se que Joana mandou os soldados à capela de Santa Catarina para procurar uma espada que ali havia sido enterrada. Achada a arma cheia de ferrugem, Joana a empunhou, e então a espada brilhou como prata nova. Mandou fazer um estandarte de cetim branco, bordado com diversas flores e lírios circundando uma imagem de Jesus Cristo, que tinha um anjo de cada lado. Na parte de cima fez com que se escrevesse o nome de Jesus.

Assim Joana partiu em seu cavalo branco e com seu estandarte, para retomar Orléans, que estava em poder dos ingleses. Como estratégia atacou os fortes ingleses:
  1. Saint Jean le Blanc
  2. Les Augustins
  3. Les Tourelles, o maior de todos

Joana venceu a todos, em Les Tourelles foi ferida, mas venceu, e todos acreditaram em milagre da santa. E novamente as vozes lhe deram outra outras ordens: que o jovem rei fosse consagrado em Reims, com o nome de Carlos VII, e partiram então para novas batalhas.

Dois homens que eram primos disputavam o poder francês:
  1. Carlos VII, filho legítimo de Carlos VI – desengonçado, indeciso, introvertido, sem iniciativa e temia o primo
  2. o duque de Borgonha, conhecido como Filipe 'o Bom' – agil, esbelto, autoconfiante, esbanjador e amante das coisas boas da vida
Mesmo assim a simpatia do povo recaia em Carlos. E em 15 de julho de 1429, Joana e Carlos encontraram-se em Reims, quando se iniciou as cerimônias de coroação. Depois do triunfo da coroação, algumas das cidades ainda dominadas pelo duque de Borgonha, começaram a confraternizar com a França de Carlos. Faltava conquistar Paris. Mas o rei optou por um acordo com os borgonheses, ao ponto de devolver ao duque Filipe algumas cidades. Acontece que a Borgonha não era fiel, havia negociado um tratado com o rei Carlos e outro com os ingleses. E Joana numa cilada foi presa na torre de um castelo de de um nobre borgonhês e soube que seria entregue aos ingleses. Não teve amparo por parte dos antigos companheiros, nem o rei apareceu ou fez o menor esforço para libertá-la. Além dos ingleses a Inquisição também queria a morte de Joana. Durante um ano foi interrogada e torturada psicologicamente. Renunciou a sua fé nas vozes, mas depois voltou atrás.

Em 30 de maio de 1431 com os cabelos raspados e uma túnica branca, Joana foi queimada em uma fogueira, na praça no mercado de Ruão. A jovem clamou por Jesus até se calar de vez, era uma menina que ainda não completara 19 anos.

Quando Ruão foi tomada dos ingleses, o rei Carlos VII iniciou um trabalho para reabilitar a imagem de Joana. O novo julgamento em 1455, muitas testemunhas, parentes e soldados foram ouvidos. Joana d'Arc foi inocentada em 1456 pelo papa, que declarou a sentença de Ruão nula e falsa, livrando a jovem de todas as acusações. Séculos mais tarde, em 1920, Joana d'Arc seria canonizada.

Origem: 'Mulheres que mudaram o mundo' de Gabriel Chalita